Transformações logísticas provocadas pelo e-commerce

O e-commerce ou comércio eletrônico começou a se desenvolver no Brasil no ano de 2000, quando movimentou R$ 0,5 bilhão em transações. O crescimento foi tão elevado que após 18 anos atingiu o faturamento de R$ 53,2 bilhões (EBIT, 2019)

Esta nova modalidade de compra e venda trouxe significativas mudanças na forma de consumir e se movimentar, já que os clientes que outrora precisavam se dirigir às lojas físicas para adquirir produtos agora desfrutam da comodidade em efetuar e receber pedidos na própria casa.

Dessa forma, as empresas passaram a ter que lidar com algumas complexidades logísticas para atender os clientes.

e-commerce

Veja as principais complexidades logísticas do e-commerce:

  1. Entregas em locais distintos: com o e-commerce quem se movimenta não é mais o cliente. Portanto, as empresas precisam se deslocar até os consumidores, os quais residem em locais diferentes, muitos até, de difícil acesso.
  2. Diversidade do mix de produtos e tamanho dos pedidos: as empresas passaram a ter dificuldade para consolidar e otimizar cargas em veículos. Assim, muitas entregas seguem com elevada ociosidade para que seja possível atender o cliente.
  3. Tempo de entrega: pelo fato do consumidor efetuar o pagamento do pedido antecipadamente, espera uma contrapartida da loja, ou seja, que o produto seja entregue em menor tempo possível e, principalmente, sem atrasos.
  4. Relação com o transportador: geralmente as lojas online terceirizam as entregas dos produtos, já que esta atividade não está no core business da organização. Assim, é necessário que haja um alinhamento e construção de um SLA com o parceiro, já que o transporte final faz parte da extensão da venda.
  5. Gestão dos estoques: a gestão de estoques sempre foi um assunto delicado para as empresas.  Porém, com a chegada do e-commerce, a complexidade aumentou. Isso porque muitas organizações passaram a ter que integrar os canais de atendimento aos clientes (omnichannel), que antes funcionavam separadamente com estruturas e processos distintos (multichannel), e, portanto, fundir os estoques.

Assim, foi possível criar uma experiência personalizada de consumo onde o consumidor tem a opção de fazer um pedido online (site ou celular) e receber o produto em casa, ou retirá-lo na loja mais próxima. Mas, em contrapartida, as empresas absorveram a complexidade em gerenciar tais operações.

  • Estrutura de TI: pelo fato do e-commerce tratar da compra e venda de produtos por meios eletrônicos, as empresas precisaram investir em uma plataforma eletrônica robusta para suportar toda a operação trazendo agilidade, confiabilidade, e facilidade de navegação.
  • Logística reversa: com o crescimento do e-commerce aumentou-se também a quantidade de itens devolvidos pelos clientes, já que estes só ‘visualizam’ os produtos após a entrega dos mesmos. Assim, as empresas precisaram estruturar processos e procedimentos para que estes produtos fossem retornados rapidamente à empresa para correção e/ou reinserção ao estoque.

Associada a estas mudanças temos ainda a questão da mobilidade urbana que apresenta restrições quanto a categoria do veículo de entrega, locais e horários de circulação, etc.

Assim, não somente o setor de transporte foi impactado e precisou se adaptar as transformações, mas também o de armazenagem o qual passou a adotar novas estratégias de localização e atendimento.

Observe a seguir algumas tendências de instalações de armazenagem:

  • Armazém de fluxo: é uma forma avançada de instalação de crossdocking, localizada próxima aos grandes centros urbanos que tem como objetivo receber carretas completas (full cargo) com produtos para distintos clientes, realizar o transbordo dessas e redistribuir as cargas em veículos menores, os quais fazem a entrega final.  Assim, não há estoques nestes locais.
  • Condomínios logísticos: instalações de armazenagem localizadas em pontos estratégicos com estrutura para abrigar e armazenar mercadorias de várias empresas. Os armazéns já possuem uma estrutura mínima e os custos são compartilhados entre os condôminos.
  • Armazém pop-up: são instalações temporárias para reagir a variações sazonais. Sendo assim, podem ser projetadas para atender uma categoria específica de produtos ou um mercado dinâmico.
  • Centro de Distribuição Avançado (CDA´s): o CDA é uma variação dos Centros de Distribuição (CD´s) convencionais. Assim, apresentam espaço menor e estão posicionados próximos aos clientes, diferentemente dos CD´s que geralmente estão localizados em pontos estratégicos de rodovias, distantes dos centros urbanos.
  • Centro de Devolução Centralizado: em virtude do crescimento das compras online as empresas passaram a ter que lidar com o aumento de produtos devolvidos e, ao longo do tempo, perceberam que os CDs não estavam funcionando muito bem no gerenciamento dos fluxos de produtos bidirecionais. Assim, objetivando agilizar o canal logístico reverso e tratar e reinserir, quando possível, de forma mais rápida os materiais ao estoque as empresas criam instalações dedicadas a este fim, estruturando um centro de triagem destes materiais.
  • Self storage ou box: este tipo de instalação de armazenagem tem sido uma opção para empresas que necessitam de espaços menores e bem localizados. Geralmente as áreas possuem entre 1 m² a 100 m², são de uso exclusivo e podem ser alugadas tanto por pessoas físicas quanto jurídicas.
  • Armazém sob demanda: algumas empresas que possuem instalações de armazenagem se deparam com a capacidade ociosa, e optam por locar estas áreas a terceiros. Assim, podem ofertar estes espaços vazios em plataformas que fazem a gestão destes como a FLEXE que realiza o link entre oferta e procura.
  • Instalações Click and Collet: empresas estão fazendo parcerias com algumas lojas varejistas que possuem localização privilegiada nos centros urbanos para que estoquem os produtos daquelas fornecendo opções de pontos de coletas para os consumidores. Portanto, o cliente compra o produto no site da empresa (click) e tem a opção de retirar (collect) a mercadoria imediatamente em um dos pontos de coleta ofertados pela empresa.
  • Armazém futurístico: A empresa Amazon já patenteou um projeto referente a um armazém futurístico chamado de Centro de Atendimento Aéreo que nada mais é do que um auto dirigível que ficará posicionado num ponto estratégico aéreo e fará entregas por meio de drones.

Portanto, a tendência é que as instalações de armazenagem estejam cada vez mais próximas dos consumidores para que o atendimento ocorra de maneira mais rápida. Além disso, as empresas estão optando por terceirizar o armazenamento e as operações de forma a reduzir o custo e elevar o nível de serviço.